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Trip | Serras da Moeda e do Cipó 17.02.09
A Serra da Moeda é uma cadeia de montanhas localizada no Quadrilátero Ferrífero, na porção Sul da Serra do Espinhaço. Foi em razão da fartura de metais preciosos que se deu a ocupação portuguesa nessas terras. Possuindo importantes Unidades de Conservação, como o MONA da Serra da Calçada e importantes trechos naturais, sobreviventes das atividades mineradoras, a Serra da Moeda é uma importante região para a conservação da flora e fauna. A Serra do Cipó também está localizada no Espinhaço e sua ocupação ocorreu quando desbravada por sertanistas paulistas que estabeleceram as primeiras fazendas. Passada a euforia inicial da busca do ouro a população da Serra do Cipó e do entorno dedicou-se à agricultura de subsistência, à criação de gado, à produção de cachaça dentre outros produtos. A altitude de ambas porções serranas varia de 700 a 1600m e a vegetação acima de 1000m é caracterizada pelos campos rupestres e de altitude, possuindo ambientes típicos de Cerrado e Mata Atlântica em suas faces. Atualmente as Serras da Moeda e do Cipó são destinos procurados por turistas das mais variadas modalidades, geralmente atraídos por esportes de aventura e turismo de natureza. Nos dias 09, 10, 11 e 12 de fevereiro recebemos os fotógrafos de aves Roberto Seckendorff e Aluísio Ferreira para um roteiro pelas Serras da Moeda e do Cipó.
Dia 01: Iniciamos o primeiro dia visitando trilhas em Belo Horizonte e Brumadinho, com foco em duas espécies, o cuitelão (Jacamaralcyon tridactyla) e o maxalalagá (Micropygia schomburgkii). O pequeno e ameaçado cuitelão já nos trouxe emoção logo no começo da viagem. Geralmente fotografar esse bicho é muito simples e, logo que chegamos ao ponto, começamos a tentar atrair a ave. Após aguardar aproximadamente 01h sem sinal do bicho, cogitamos desistir. No mesmo instante em que começamos a retornar, tive a impressão de ouvir o batido de bico característico da espécie. Aguardamos mais um pouco e escutei novamente o batido quando, de repente, um indivíduo se aproximou silenciosamente e pousou em um galho próximo. Para nosso alívio lá estava o pequenino, que então começou a vocalizar e, finalmente, permitiu algumas fotografias. Missão cumprida, partimos para a maxalalagá. Chegamos ao local, preparamos o cenário e começamos a atrair a saracurinha. Bastaram 5 minutos de espera e ela saiu na trilha, entretanto, não parou e deu pouquíssimas chances de fotos. Aguardamos cerca de 01h para que ela reaparecesse e nada. Paramos para almoçar antes de seguir viagem para a Serra do Cipó. Após cerca de 02h de viagem, demos entrada na pousada e aproveitamos o restinho da tarde em uma trilha próxima. Lá encontramos algumas várias espécies típicas, mas as que renderam boas imagens foram a cigarra-do-campo (Neothraupis fasciata) e o bacurauzinho (Nannochordeiles pusillus), esta última apenas em voo.
Dia 02: Saímos da pousada às 05h30 em direção ao Distrito de Lapinha da Serra. Chegando lá nos deparamos com densa neblina, forte vento e uma garoa gelada, que prometeram uma manhã complicada. Iniciamos a busca pelos lifers com uma parada para tentar a bichoita (Schoeniophylax phryganophilus) e o pula-pula-de-sobrancelha (Myiothlypis leucophrys). A primeira apareceu e deu show, o segundo até respondeu ao playback mas não deu chance para nenhuma fotografia. No meio do campinho até o próximo objetivo, uma família de caracará (Caraca plancus), um casal de sanhaço-de-fogo (Piranga flava) e um pica-pau-branco (Melanerpes candidus) deram um mole danado. Um dos importantes lifers, o ameaçado capacetinho-do-oco-do-pau (Microspingus cinereus), apareceu encharcado pela chuva. Os próximos objetivos eram dois super endemismos da Cadeia do Espinhaço, o beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus) e o pedreiro-do-espinhaço (Cinclodes espinhacensis), ambos documentados com excelentes registros fotográficos. No caminho de volta para a pousada, ainda deu tempo de registrar o belíssimo rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus).
Dia 03: No terceiro dia, visitamos a Trilha da Mãe D´Água e o Parque Nacional da Serra do Cipó em busca de mais lifers e melhorar a foto do bacurauzinho (Nannochordeiles pusillus), que finalmente encontramos pousadinho. Conseguimos também um macho adulto de patativa (Sporophila plumbea) um casal de choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus) e a grande surpresa, um inambu-chororó (Crypturellus parvirostris). Voltei a encontrar o jovem da jacurutu (Bubo virginianus) no mesmo local e também um jovem caboclinho (Sporophila bouvreuil) nos campos do Parque Nacional.
Dia 04: Como já não havia muitas possibilidades de novidades na Serra do Cipó, dentro da lista de lifers de nossos clientes, resolvemos voltar para Brumadinho e tentar novamente uma melhor chance com a maxalalagá. Chegamos bem cedo à Serra da Moeda e após 15 minutos de espera, a saracurinha voltou a aparecer, dessa vez dando um pouco mais de possibilidades de registros. Aproveitamos o tempo e tentamos melhorar também o registro do rabo-mole-da-serra (Embernagra longicauda), que depois de muito custo, resolveu posar num poleiro limpo.
Foram 135 espécies registradas, sendo que aproximadamente 20 delas foram lifers na lista dos nossos clientes. Clique aqui e confira a lista completa. Agradecemos a confiança em nosso trabalho e ao apoio dos nossos parceiros e amigos que sempre fortalecem nossas atividades.
Um abraço,
EDUARDO FRANCO
- Posted by Eduardo Franco
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