
- April24
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BIRDING TOUR | Espinhaço – Caraça e Cipó
Cortando mais de 1000 quilômetros entre Minas Gerais e Bahia, a Cadeia do Espinhaço é a única cordilheira do Brasil. Coberta por Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, o Espinhaço é também um dos maiores centros de endemismos do mundo e certamente um dos melhores destinos para turismo de natureza . Nessa expedição visitamos as Serras do Caraça e do Cipó. A altitude das porções serranas varia de 700 a 1600 metros (havendo picos acima de 2000 metros) e a vegetação acima de 1000 metros é caracterizada pelos campos rupestres e de altitude, possuindo ambientes típicos de Cerrado e Mata Atlântica em suas faces. Nos dias 16 a 21 de abril recebemos o casal de birders Hilton e Mariângela Oliveira, de Campinas/SP, para uma de nossas tour pelas montanhas do Espinhaço.
Iniciamos nossa viagem no Santuário do Caraça. Chegamos ao complexo e seguimos diretamente para o almoço. Logo após fizemos nosso check-in e aproveitamos o restante da tarde para visitar um trecho de campo rupestre. O grande objetivo era o beija-flor-de-gravata-verde, que não decepcionou e logo apareceu e deu espetáculo. Posou para várias fotos. Conseguimos também por ali um outro desejado lifer, o formigueiro-da-serra. Avistamos um macho que não facilitou, mas acabou rendendo alguns poucos registros.
Retornamos ao entorno do Santuário e lá conseguimos encontrar mais um dos lifers desejados, o bentevizinho-de-asa-ferrugínea. Demoraram a aparecer, mas quando vieram facilitaram bastante. No mesmo local ainda encontramos o piolhinho-serrano, ave não muito fácil de encontrar por ali.
Fizemos uma breve parada para um banho e o jantar antes de desce para a Hora do Lobo. Por volta das 20h30, a surpresa foi a visita de um macho de anta, que subiu tranquilamente e comeu um pouco do frango. Sempre um enorme privilégio poder ver de tão perto o maior mamífero brasileiro. Aguardamos por mais cerce de 01h30, mas no lobo-guará não apareceu. Decidimos então retornar aos quartos e nos preparar para o próximo dia.
Logo após o café-da-manhã, ainda no entorno do Santuário, conseguimos fotografar algumas espécies bem interessantes, como a coruja caburé, a maria-preta-de-garganta-vermelha e o beija-flor-de-fronte-violeta. Por ali também conseguimos algumas bonitas imagens dos jacuguaçus que ficam por ali.
Já caminhando em uma das trilhas conseguimos avistar novamente o formigueiro-da-serra, dessa vez fotografamos uma fêmea. Fizemos uma parada para o almoço e um breve descanso. A tarde voltamos em alguns dos pontos, mas não obtivemos sucesso em nenhum deles. Boa parte das espécies estava bastante quieta e alguns chuviscos também não ajudaram. A noite não foi muito diferente. Nem lobo, nem anta. Acordei duas vezes de madrugada para conferir e nenhum sinal de visitas no adro da igreja.
Bem, nada como um dia após o outro… Novamente acordamos e seguimos para o café-da-manhã, ainda um pouco chateados pela ausência do lobo. Havia ainda algumas poucas horas antes de partirmos e aproveitamos para uma última caminhada. No caminho, mais ensaio fotográfico com os jacus… mas, foi logo depois que a natureza resolveu recompensar. Primeiramente pelo fato de o dia estar lindo, diferente dos nublados anteriores. Segundo, pois logo no início da trilha uma surpresa que eu aguardava há tempo: o reencontro com os macacos guigós, que há cerca de 14 meses eu não avistava por ali. Especulação inúmeras pelo sumiço, mas a que mais se acreditava era que eles haviam morrido de febre-amarela. Eu teimava em duvidar disso, já que nenhum deles foi encontrado. Para nossa enorme alegria, avistamos uma família de 3 indivíduos, casal com filhote de aproximadamente 1 ano. Como se não bastasse, no mesmo local conseguimos encontrar um casal de picapauzinho-de-testa-pintada, lifer e espécie não muito comum por ali.
Encerramos nossa passagem pelo Caraça com bons números, apesar das dificuldades. Fica de ponto negativo a ausência do lobo-guará, que aparentemente tem falhado nas visitas durante a troca de gerações. Existem muitos relatos recentes de brigas entre eles, sobretudo do filhote com seu pai. Fizemos check-out da pousada e pegamos estrada até Santana do Riacho/MG, mais precisamente no distrito de Serra do Cipó, nossa próxima base.
Acordamos e saímos da pousada ainda de madrugada para pegar estrada até o distrito de Lapinha da Serra, Fizemos uma rápida parada para o café-da-manhã e fomos direto para a trilha. Dia de subir os Campos Rupestres e buscar os endêmicos do Espinhaço. Trilhas de difícil acesso e recheadas de armadilhas entre os afiados afloramentos rochosos dificultaram muito nosso trabalho. Como de costume, o lenheiro-da-serra-do-cipó não foi muito amigável. Deu um trabalho danado até que finalmente conseguimos alguns registros, muito celebrados por nós.
Encerrando com o lenheiro, o próximo da lista seria o pedreiro-do-espinhaço. Chegamos até os campos alagados em que ele vive e iniciamos a busca. Nos dois primeiros pontos nenhum sinal, mas no terceiro logo veio um casal e deu um mole danado. Usou a cerca de poleiro e rendeu excelentes imagens. Aproveitamos aquele cenário incrível e comemoramos bastante os dois mais importantes lifers da viagem.
A tarde, de volta a Serra do Cipó, visitamos um dos campos de arnicas do local em busca de beija-flores. Tivemos muito sucesso, principalmente com o encontro com o chifre-de-ouro, lifer muito desejado pelo Hilton. Por lá também topamos com alguns gravatinhas. Encerramos um excelente dia com todos os principais objetivos atingidos.
No dia seguinte retornamos na mesma trilha buscando os beija-flores novamente e outros lifers que por ali poderiam ser encontradas. Logo no ínicio um casal de capacetinhos-do-oco-do-pau deram um show. Perto dali, o campainha-azul também ajudou bastante. Outro que buscávamos e também apareceu foi o bagageiro.
Fizemos uma pausa para o almoço e um rápido cochilo, dando tempo para o forte calor passar e depois fizemos uma visita ao Parque Nacional da Serra do Cipó, onde conseguimos clicar algumas espécies interessantes, como noivinha-branca, batuqueiro, o inédito garrinchão-de-barriga-vermelha e o bacurau.
Encerramos nossa viagem exaustos e muito satisfeitos com os resultados. Muitos quilômetros percorridos e muitos lifers e boas fotos na bagagem. Agradecemos a confiança em nosso trabalho e aos nossos parceiros que sempre nos ajudam muito no sucesso de nossos roteiros.
Um grande abraço,
EDU FRANCO
- Posted by Eduardo Franco
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