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BIRDING TRIP | Serra do Cipó 18-19/ago
Cortando mais de 1000 quilômetros em Minas Gerais e Bahia, a Serra do Espinhaço é a única cordilheira do Brasil. Coberta por Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, o Espinhaço é também um dos maiores centros de endemismos do mundo. Abrigando paisagens deslumbrantes e biodiversidade riquíssima, o Espinhaço é certamente um dos melhores destinos para observação e fotografia de natureza do mundo. Nessa expedição visitamos a porção Sul da cordilheira, principalmente a Serra do Cipó. A Serra do Cipó é protegida por importantes reservas, como a APA Morro da Pedreira e o Parque Nacional da Serra do Cipó. A altitude das porções serranas varia de 700 a 1600 metros e a vegetação acima de 1000 metros é caracterizada pelos campos rupestres e de altitude, possuindo ambientes típicos de Cerrado e Mata Atlântica em suas faces. Atualmente a Serra do Cipó é destino procurado por turistas das mais variadas modalidades, geralmente atraídos por esportes de aventura e turismo de natureza.
Nos dias 18 e 19 de agosto de 2018 recebemos o observador de aves Leonardo Peres e sua esposa Ana para uma passarinhada na Serra do Cipó, em busca de registros das espécies típicas dos cerrados e campos rupestres, especialmente os endêmicos da Cadeia do Espinhaço.
Começamos nossa viagem visitando o distrito de Lapinha da Serra, em Santana do Riacho/MG, com foco nas principais espécies endêmicas do Espinhaço e, logo de cara, já encontramos com um indivíduo de rabo-mole-da-serra, que não deu muito trabalho e rapidamente foi registrado. Começamos então nossa busca pelo lenheiro-da-serra-do-cipó. O forte vento e frio, característicos do local, marcavam presença e dificultavam bastante nossa procura. Após algum tempo desafiando os afloramentos rochosos e tentando atrair o bicho, acabei decidindo desistir e, assim que começamos a voltar para a trilha, um deles respondeu. Retornamos e continuamos, agora com mais esperança. Alguns minutos sem resposta, desistimos novamente. Adivinha? Ele respondeu outra vez. Insistente que sou, voltei e tentei mais. Claro, sem bons resultados. O tempo se esgotava e então decidi definitivamente adiar a busca por ele.
Seguimos então até o ponto onde poderíamos encontrar alguns beija-flores e o primeiro dele foi o beija-flor-de-orelha-violeta, que também facilitou nosso trabalho. Ali perto, ainda, conseguimos avistar um papa-moscas-de-costas-cinzentas, que já não ajudou muito. Seguimos então em busca do querido augustinho, beija-flor-de-gravata-verde, que não apareceu. Esperamos um bom tempo e nem sinal do bichinho.
Enquanto esperava por ele, decidi ir em outro ponto em busca do lenheiro e mostrei para o Leonardo que a tarefa não seria fácil, já que iríamos precisar fazer quase uma escalada… Ele topou na hora e partimos morro acima. Enquanto fazia a subida, de tempo em tempo eu parava e tentava localizar onde a ave estava, já que o som emitido ecoa e dificulta definir a origem. Funcionava também pra recuperar o fôlego. Assim que avistei pela primeira vez o animal se movimentando, aceleramos nosso passo para não perder a chance. Preparei então todo o cenário e ai era só aguardar. Após algum tempo ele começou a dar as primeiras chances até que resolveu dar um mole danado, pousando a pouquíssimos metros de nós, garantindo excelentes oportunidades de fotografia.
Descemos e retornamos a espera pelo gravatinha-verde, que não dava sinal. Decidi então retornar para a trilha e assim que colocamos a mochila nas costas escutei o pequenino beija-flor, que estava forrageando em um arbusto de Lippia sp.. Ah, danado, por pouco não em faz passar vergonha. A partir de então foi só aguardar as oportunidades, mesmo ele estando muito ativo e pousando muito pouco. Finalmente iniciamos nossa volta e no caminho ainda encontramos um casal de maria-preta-de-penacho, que rendeu algumas imagens.
Fizemos uma parada para almoçar e, ainda em Lapinha da Serra, conseguimos a último grande objetivo: o pedreiro-do-espinhaço, o mais endêmico da lista de desejos dos visitantes do Cipó. Além dele alguns outros bichos deram um mole danado, como o belíssimo pitiguari.
Na volta para o distrito de Serra do Cipó, ainda em Santana do Riacho/MG, deu tempo de conseguir registrar um macho de choca-do-nordeste e um tico-tico-de-bico-amarelo. Encerramos nosso primeiro dia com todos os principais objetivos alcançados e alguns bônus.
O segundo dia estava reservado para visitarmos o Parque Nacional da Serra do Cipó, em Jaboticatubas/MG. Chegamos lá bem cedo e aproveitamos bem as primeiras horas da manhã. Conseguimos belas imagens do batuqueiro, canário-do-campo, cochicho entre outros, enquanto caminhávamos pela área aberta.
Já na mata ciliar do rio Cipó a bicharada demorou a colaborar. Até apareceram, mas ficando bem alto, aproveitando a segurança das copas. Tentamos então atraí-los para a borda, onde alguns poleiros mais baixos poderiam ajudar. Boa escolha, que funcionou muito bem e então conseguimos fotografar várias espécies, das quais destaco o beija-flor-preto, sebinho-de-olho-de-ouro, saíra-ferrugem, estrelinha-ametista e a simpática viuvinha.
Ainda antes do almoço retornamos para o Distrito de Serra do Cipó e buscamos mais algumas espécies para nossa lista, das quais algumas delas deram um show, como o belíssimo campainha-azul e a choca-de-asa-vermelha.
A grande surpresa apareceu bem na nossa frente, quietinho na sombra estava um macho de chifre-de-ouro, que raramente dá esse oportunidade de estar pousado. Foi o suficiente para alguns cliques, antes de ele voar novamente. Sempre um lifer muito desejado, mas nem sempre possível. Ainda houve tempo de clicar mais um, o pequenino papa-moscas-de-costas-cinzentas, este sim bastante amigável, encerrou nossa viagem pelo Cipó.
Encerramos nossa trip com aproximadamente 120 espécies de aves registradas, sendo que mais de 20 destas foram lifers para o Leonardo. Agradecemos a sempre gentil parceria dos nossos prestadores de serviços e a confiança dos nossos clientes em nosso trabalho.
Grande abraço,
EDU FRANCO
- Posted by Eduardo Franco
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